Mark, 27 anos, Fisioterapêuta, estudante de medicina, aspirante a fotógrafo e mochileiro desde que nasci. Preguiçoso mas
dedicado, inteligente e burro. De bem com a vida exceto de manhã
cedo. Viajante, apreciador do Mundo e seus habitantes, em todos seus
aspectos. Luto pelo que quero enquanto quero ou enquanto tenho
forças. SEMPRE vejo um lado bom nas coisas. Sentido desse blog:
dividir experiências que tenho o privilégio de ter. Sentido da minha
vida: Vivê-la de todas as maneiras possíveis, tentando sempre criar
um mundo melhor (clichê, mas é verdade). O sentido DA vida: Não sei,
mas se descobrir eu prometo que vou postar aqui.
Pessoal, para aqueles que ainda não sabem, mudei o blog de visual e de endereço. O novo blog está em:
http://markgreat.wordpress.com/
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Guys, for those of you who haven't heard yet, I have changed both the look and the address of my blog. The new blog is at:
http://markgreat.wordpress.com/
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Nem mesmo uma semana em um albergue na ilha de Maui poderia me preparar para o que ia acontecer na minha última noite no arquipélago do Hawaii. Um rápido vôo levou eu e meu companheiro de viagem Fabiano (Bigode) à chamada Big Island, a maior das ilhas do arquipélago. O vulcão Kilauea, em erupção desde 1983, nos aguardava.
Na ilha, a lava fica visível em dois lugares: na cratera do vulcão, e quando alcança o mar (após correr por tubos de lava pela lateral da montanha). Ao final da tarde então, empunhados de ridículas lanternas, fomos à praia e começamos a andar na direção da fumaça. Após cerca de meia hora de caminhada por cima da lava endurecida, nos deparamos com uma placa: "Perigo! Não ultrapasse esse ponto." Decididos a ver a lava, continuamos. Mais 40 minutos andando no escuro, e nos deparamos com um caminho sem saída. Desapontados, não vimos opção a não ser voltar. Ao alcançarmos o carro, somos abordados por um havaiano, que nos pergunta: "Vocês querem ir no rio de lava?". Pagamos o suposto "guia" 50 dólares, e voltamos para a mesma trilha, agora debaixo de chuva torrencial. Passamos pela mesma placa, e eventualmente chegamos no mesmo beco sem saída. Seguindo o "guia", passamos por debaixo de uma moita, e logo vimos o brilho da lava, à distância. Animados, seguimos a caminhada, sem saber o quão próximos podíamos chegar.
Em poucos minutos, estávamos no despenhadeiro, com o rio de lava correndo poucos metros abaixo. Mesmo com a chuva, instalamos as máquinas nos tripés, e improvisamos abrigos debaixo de ponchos de plástico. Entre a euforia dos clicks das máquinas, sinto meus pés esquentando. Ao olhar para o chão, percebo fumaça subindo por entre as rachaduras da lava endurecida onde estávamos. Quando mostro o chão para o nosso "guia" ele responde: "Vixi! Vambora, gente!". Agarramos as máquinas e tripés, e saímos correndo pela escuridão. Ao nos afastarmos uns 200 metros até um ponto seguro, olhamos para trás, só para ver o colapso de toda a lateral do despenhadeiro para dentro do rio de lava.
Cansados, encharcados e com o coração ainda acelarado, chegamos de volta ao carro, satisfeitos com o sucesso (ainda que por pouco) da nossa missão.
Not even one week at a crazy youth hostel in Maui could prepare me for my last night on the Hawaiian islands. A quick flight took my travelmate Fabiano (Bigode) and I to the Big Island. Mount Kilauea, in constant eruption since 1983 awaited us.
On the island, the lava is visible in two spots: in the crater, and when it reaches the ocean (after travelling down the mountain in lava tubes). So, at the end of the afternoon, armed with flimsy flashlights, we drove to the beach and started walking towards the smoke cloud. After about half an hour hiking on the hardened lava, we hit a sign: "Danger! Do not go beyond this point!". Determined to see the lava, we continued on. Another 40 minutes walking in the dark and we hit a dead end. Disappointed, we had no option but to turn back. As we reached the car, we are approached by a hawaiian man, who asks: "Do you guys want to go see the river of lava?". Realizing that this was our only chance, we payed the 50 dollars to the "guide" and were right back on the dark trail, now under torrential rain. We passed the same sign and eventually arrive at the same dead end. Following the "guide", we crawl under a bush and immediately see the glow of the red lava, in the distance. Excited, we continue walking, unsure of how close we would actually get.
In few minutes, we were standing on the cliff, we the river of lava flowing a meters down. Even with the rain, we set up the cameras on tripods and improvise shelter under plastic ponchos. Amidst the euphoria of the camera clicks, I feel my feet getting warmer and warmer. Looking down, I notice the steam coming up through the cracks on the floor. When I point this out to our guide, he responds: "Uh-oh! That's not good! Let's get out of here, guys!". We grab the cameras and tripods and run away into the darkness. After running about 200 yards, we look back only to see the whole cliff (only feet from where we were standing) collapsing into the lava.
Tired, drenched and with our hearts still racing, we arrive back at the car, satisfied with the success (although by a close call) of our mission.
Às 22h10min do dia 22 de setembro de 2010, o Mundo perdeu um dos melhores de todos os tempos. Eu, perdi meu pequeno “irmão”. Alexandre Chambella de Belfort: “Chambella”, “Chambs”, “Chambelito”. Você hoje partiu desse mundo, deixando um rombo no coração de muitos de nós que tivemos o privilégio de tê-lo como parte de nossa vida. Um rombo que até agora só se encheu de lágrimas e saudades.
Espero que saiba que não estou chorando à toa, amigo. Espero que saiba o quanto você tornou minha vida mais alegre, o quanto me ensinou com sua alegria de viver. Nunca esquecerei o seu lado guerreiro, que durante meses e meses lutou para conseguir algo tão simples para a maioria de nós: respirar. Mas não é só o seu lado guerreiro que lembro. Sua irreverência e simpatia foram tamanhas que conseguiram arrancar sinceras risadas de nós, seus amigos, poucas horas após você ter partido. Suas peripécias e histórias farão sempre parte da minha vida. Apesar de você não poder contá-las ao filho que não teve tempo de ter, tenha a certeza que um dia serão contadas ao meu. Terei sempre o prazer e orgulho de falar que você é meu amigo.
Peço perdão por ter ficado longe por tanto tempo. Desculpe-me por não poder estar por perto nos últimos anos, curtindo com você os últimos meses da sua vida, e nem nos últimos dias, segurando sua mão enquanto você achava seu caminho ao outro lado. Morre jovem quem é estimado pelo Céu. Não tenho dúvidas que o Céu se tornou um lugar melhor com sua presença e que você deixou o mundo mais alegre do que o encontrou. Tenho certeza que você está num lugar melhor, e que se tornou parte do ar que tanto procurou aqui embaixo. Sei que nunca mais sentirá falta de ar aí em cima. As minhas lágrimas molham apenas meu egoísmo... de querer meu amigo por perto.
Ao invés de ‘adeus’, direi ‘até breve’ então. Sei que um dia você me fará rir de novo. Espero que você tenha levado de mim lembranças de amizade como as que deixou na minha vida. Amo você, irmão.
Descanse em Paz.
At 10:10 pm of September 22nd, 2010, the World lost one of the best of all times. As for me, I lost my little “brother”. Alexandre Chambella de Belfort: “Chambella”, “Chambs”, “Chambelito”. Tonight you left this place, leaving a gap in the hearts of many of us who had the privilege of having you in our lives. A gap that is only filled now with tears and nostalgia.
I hope you know I am not crying for a small matter, my friend.I hope you know how much you made my life happier, how much you taught me with your joy of living it. I’ll will never forget the warrior in you, who fought for so much time to do something so simple for most of us: breathing. But it is not only that warrior that I remember. Your irreverence and easy personality were able to draw our most sincere laughs, only hours after you left. Your shenanigans and stories will be always part of my life. Although you were not able to tell them to the son you lacked the time to make, be certain they’ll, one day, be told to my own. I will always be proud and joyful to say that you are my friend.
I deeply apologize for being away for so long. I am sorry I was not able to be around you in the last couple of years, living out with you your last months, or in your last days, holding your hand as you found your way to the other side. Esteemed by Heaven must be those who die young. I have no doubt that Heaven is a better place with you there and that you left the World a happier place than you found it. I am certain that you are in a better place, and that you are now part of the air you searched for so much down here. I know you will never feel short of breath again up there. My tears only soak my own selfishness… of wanting my friend around.
So instead of “good-bye”, I’ll say “see you later”. I know one day you will make me laugh yet again. I hope you take from me memories of friendship like the ones you left in my life. I love you, brother.
Caros amigos, não é à toa que hoje vou quebrar um pouco o "tema" do meu blog. Muitos de vocês têm o privilégio de conhecer meu grande amigo Chambella. Desde que o conheço, o Chambs sofre de problemas respiratórios que sempre foram interpretados como asma. Em fevereiro, após passar um carnaval cheio de dificuldades respiratórias, resolveu investigar mais a fundo, finalmente identificando uma doença respiratória rara chamada Vanishing Lung Syndrome (algo como Síndrome do Pulmão que desaparece). Na quarta-feira passada, seus pulmões finalmente "cansaram" e ele teve que ser internado na UTI, entubado, completamente sedado e respirando só com auxílio de aparelhos. O consenso dos médicos é que sua única chance de recuperação duradoura é um transplante de pulmão. O processo é longo e burocrático. No Brasil, são feitos apenas cerca de 20 transplantes de pulmão por ano, sendo que apenas 2 ou 3 desses em Belo Horizonte.
Enfim, peço que mantenham o Chambs em suas preces, mandem energias boas. Aos que o conhecem, não preciso falar nada de bom sobre o Chambella. Aos que não o conhecem, garanto sem demagogia: é uma das melhores pessoas que conheço.
Força Chambs!
Dear friends, it is for no small matter that today I'll break a bit from the "theme" of my blog. Many of you have had the privilege of meeting my great friend Chambella. Since he was a kid, Chambs suffers from respiratory problems which were always interpreted as being an intense case of asthma. In February, during the Carnaval festivities, because he had a lot of trouble breathing, he decided to further investigate his condition. The doctors finally diagnosed him with a rare respiratory disease called Vanishing Lung Syndrome. Last Wednesday, his lungs finally "gave up" and he had to be put in an ICU, intubated, sedated and breathing only with help from a respirator. The consensus amongst his doctors is that his only chance of lasting recovery is a lung transplant. The process for this is long and bureaucratic. In Brasil, only about 20 lung transplants are done each year, being that only 2 or 3 of these are done in Belo Horizonte (where we live).
Anyway, I ask that all of you keep Chambella in your prayers, and send out good vibes. To those of you that have met him, I know I don't need to say anything about Chambella. To those those who haven't met him, I guarantee without demagogy: he's amongst the best people I know.
Não sei bem porque, mas essa música tem estado constantemente em minha cabeça. A grande maioria de vocês (parte brasileira dos "leitores") com certeza a conhece. E para os americanos, vou fazer o melhor possível para traduzir a letra. Espero que gostem. Com isso, fica expresso o meu desejo de voltar a escrever mais aqui. A vida de um estudante de medicina no Caribe não é tão interessante quanto alguns de vocês podem achar, e o cansaço dos estudos acaba por roubar boa parte da inspiração para escrever. Farei o possível...
Relicário
É uma índia com colar A tarde linda que não quer se pôr Dançam as ilhas sobre o mar Sua cartilha tem o "A" de que cor?
O que está acontecendo? O mundo está ao contrário e ninguém reparou O que está acontecendo? Eu estava em paz quando você chegou
E são dois cílios em pleno ar Atrás do filho vem o pai e o avô Como um gatilho sem disparar Você invade mais um lugar onde eu não vou
O que você está fazendo? Milhões de vasos sem nenhuma flor O que você está fazendo? Um relicário imenso desse amor
Corre a lua, porque longe vai? Sobe o dia tão vertical O horizonte anuncia com o seu vitral Que eu trocaria a eternidade por essa noite
Porque está amanhecendo? Peço o contrário, ver o sol se por Porque está amanhecendo? Se não vou beijar seus lábios quando você se for
Quem nesse mundo faz o que há durar Pura semente, dura o futuro amor Eu sou a chuva prá você secar Pelo zunido das suas asas você me falou
O que você está dizendo? Milhões de frases sem nenhuma cor O que você está dizendo? Um relicário imenso desse amor
O que você está dizendo? O que você está fazendo? Porque que está fazendo assim? Está fazendo assim!
Not sure why, but this song has been constantly in my mind for a while. The vast majority of you (brasilian section of the "readers") surely know it. And for the Americans, I'll do my best to translate the lyrics of it. I hope you like it. With this, let it be known my desire to write more here. Life of a medical student in the Caribbean is not as interesting as some of you may think, and the fatigue from studying is usually enough to steal any inspiration to write. I'll do my best...
Reliquary
It is an indian with a necklace The beautiful afternoon that does not want to set The islands dance over the sea What color is the "A" on your report?
What is going on? The world is backwards and nobody has noticed What is going on? I was at peace when you arrived
And there are two eyelashes in mid air Behind the son comes the father and grandfather Like a trigger that was not fired You invade one more place where I won't go
What are you doing? Millions of vases without a single flower What are you doing? An imense reliquary of this love
The Moon runs, why does it go far? The day goes rises so vertically The horizon announces with its stained glass I would trade eternity for this night
Why is it dawn? I ask for the opposite, for dusk. Why is it dawn? If I will not kiss your lips when you are gone
Who in this world makes last what is Pure seed, future love lasts I am the rain so you may stay dry Through the buzz of your wings you said to me
What are you saying? Millions of sentences without any color What are you saying? An imense reliquary of this love
What are you saying? What are you doing? Why are you acting this way? You are acting like this.
A vida às vezes alcança velocidades inacreditáveis. Desde novo escuto pessoas falando sobre como essa velocidade aumenta com a idade. Num piscar de olhos, o ano de 2009 passou e com o seu final, a percepção do caráter passageiro de certos aspectos da vida.
Os reflexos das metas e conquistas alcançadas em 2009 me atingem como um raio em dia de sol com a chegada de uma nova década. Como pôde um ano de tão gigantescas mudanças passar em um piscar de olhos? Paro e reflito o passado. O tempo já começa a perder suas antigas referências. Dias viram semanas, que viram meses, anos. Companheiros de mesa de bar começam as se espalhar pelo mundo, procurando seus nichos, deixando suas marcas no mundo. Colegas de escola começam a se tornar homens de família. Novos amigos já se tornam velhos amigos, irmãos. Os pequenos da família já não são mais tão pequenos.
É quase assustador pensar no quanto a vida mudou em 2009. Vivo longe daqueles que amo, mas começo a aprender a gostar de novas barreiras, novas conquistas, novas pessoas. Como em paradoxo, aprendi a rever minhas raízes. Aprendi verdadeiramente a amar meu país e meus pais. Entendi de verdade quanto é emocionante um bom samba-canção, o quanto é bonita a capoeira, a cerveja gelada num balcão sem cadeira, o verde-louro da bandeira brasileira. E apesar de em várias camas ter encostado a cabeça para dormir e chamado de “casa”, agora entendo realmente o significado da palavra “lar”.
Tão rápido quanto o ano de 2009 passou a festa de entrada do ano de 2010. Flashes embriagados da memória de uma festa de réveillon, quase se confundem com lembranças nebulosas de um passado que já vivi com os mesmos companheiros. Risos, danças desajeitadas, copos virando, jogadores jogando. Creio que a maior lição aprendida em 2009 é de quanto somos pequenos nesse universo. Apesar de querermos acreditar que temos tudo sob controle, na verdade controlamos muito pouco. Resta torcer para que os ventos nos levem onde queremos ir, e ter fé de que as nossas raízes se embaraçam com as raízes daqueles que estão à nossa volta.
Desejo muita Paz em 2010 a todos vocês cujas raízes fazem parte dessa trama que ocupam minhas raízes e formam o que eu, com orgulho, chamo de lar. Vocês sabem quem são. Amo vocês...
Desde a minha viagem para o Sudeste Asiático em 2006, criei um fascínio pela fotografia. Em 2007, fiz meu primeiro curso e após minha primeira pequena exposição, em uma livraria em Belo Horizonte, comprei minha primeira máquina fotográfica de verdade. E o fascínio só tem crescido.
Aqui em Grenada, a máquina fotográfica é minha compania insepáravel. Num país de tanta beleza, parece que toda vez que saio sem ela, perco a oportunidade de uma foto maravilhosa. Após quase um ano morando aqui, já tenho uma coleção de belas imagens dessa ilha-nação.
No início desse semestre, com a ajuda de alguns colegas, iniciamos os trabalhos da HSO - Humanitarian Service Organization, uma organização fundada para promover o trabalho voluntário e oferecer acesso à serviços de saúde de qualidade para as populações carentes da ilha. Durante nossas visitas ao Asilo de Richmond Hills, que é lar de aproximadamente 90 idosos, sempre procurei conseguir retratar a personalidade de alguns de nossos amigos que vivem lá. A história de vida de alguns velhinhos é triste, mas sempre fascinante. Percebi que o trabalho que fazíamos lá não era uni-direcional. A mesma alegria que levávamos aos pacientes, era retribuida por eles, e sempre voltava para casa feliz após nossas visitas.
Então, para benefício das pessoas dessas comunidades carentes, montei uma exposição de fotos para ser exibida na festa de encerramento de semestre da HSO. A idéia era mostrar os contrastes entre a beleza da ilha e a difícil situação em que vivem alguns de seus habitantes. Através da venda de fotos, poderíamos arrecadar dinheiro para os projetos e através das imagens, quem sabe inspirar mais estudantes ao trabalho voluntário.
Sucesso é a única palavra que pode descrever o resultado da exposição. Além da venda de várias fotografias, veio o convite de um dos reitores, querendo expôr minhas fotos em caráter permanente, no hall de entrada do prédio principal da Universidade.
Em memória de nosso amigo, Alexander McDonald. In memory of our friend, Alexander McDonald.
Since my 2006 trip to Southeast Asia, I have developed a fascination for photography. In 2007, I took my first photography course, and after my first small exhibit in a bookstore in Belo Horizonte, I bought my first real camera. And the fascination is still growing.
Here in Grenada, the camera is my inseparable companion. In such a beautiful island, it seems that every time I go outside without it, I miss a great shot. After living here for almost one year, I have build up a collection of beautiful images of this island-nation.
In the beginning of this semester, we started the projects of HSO (Humanitarian Service Organization), an organization founded to promote volunteer work and offer supportive health to the underprivileged communities on the island. During our visits to the Richmond Hills Nursing Home, where about 90 elderly men and women live, I tried to portrait the personalities of some of our friends that live there. Their life stories are sometimes sad, but almost always fascinating. I realized that the work we did there was not unilateral. The same joy that we took to the patients, was retributed by them, and I always returned home happy after visiting our projects.
So, to benefit the people of these communities, I put together a photo exhibit at HSO's end of semester celebration. The idea was to show the contrasts between the beauties of this island and the struggles of some of its people. Through the sale of the photos, we could perhaps raise some money for the projects, and through the images, maybe inspire more students to become volunteers.
Success is the only word I can think of to describe the result of the exhibit. Aside from the sale of some photographs, I received the invitation by one of the University's provosts, to place my exhibit in a more permanent venue, at the main lobby of our biggest lecture hall.
Sei que ando meio desaparecido e já a algum tempo não escrevo nada aqui. Desde que voltei do Nepal, passei um curto período de férias no Brasil e de lá voltei ao Caribe, para começar "oficialmente" o curso de medicina, após um semestre de adaptação de currículo. Passados 2 meses de aulas, laboratórios, grupos de estudo, aulas de reforço e infindáveis horas na biblioteca estudando, vieram os primeiros exames. Passada a semana de exames, o medo de todo o esforço não ter sido suficiente, sumiu com o primeiro resultado, postado no sistema de internet da Universidade agora a pouco.
Apesar de ainda faltar a divulgação de alguns resultados, com orgulho dedico o meu primeiro "A" na Medicina aos meus amados pais, que sempre foram meus exemplos e fonte de inspiração me apoiando nos melhores e piores momentos. E prometo que continuarei me esforçando para que esse "A" seja apenas o primeiro de muitos.
I know I've been quite absent and have not posted any news here in a while. Since my return from Nepal, life has been quite hectic. Following a short vacation to Brasil, I returned to the Caribbean to officially start the medical program, after completing all the pre-requisites, last semester. Two months of lectures, labs, study groups, review sessions and endless hours of studying at the library, and the feared mid-term exam week arrived. As I finished the exams, the fear of somehow not having worked hard enough disappears with the first grades, posted on the University network a few moments ago.
Although not all the grades are posted, I proudly dedicate my first A in med school to my parents, who were always my role models and source of inspiration, encouraging me through thick and thin. To them I promise to continue working hard, so that this is only the first of many A's still to come.
Nada de historia engracada ou licao de vida dessa vez. Foram 10 dias de escalada, por onde percorri quase 100kms a pe', e subi o mesmo numero de degraus de um predio de 1500 andares. Mas confesso que ao chegar no acampamento base do Mt. Annapurna, a unica coisa na minha cabeca eram as pessoas que amo e todos aqueles que sempre me apoiaram. Portanto, aproveito a oportunidade para agradecer a todos voces: minha familia (Mae, Pai, Dudu, Robert,Caca e meus tios e primos no Brasil e nos EUA), meus eternos companheiros de viagem (Gui Banana, Lu Bananao, Robert, Buteco e Neek the Weak), meus irmaos por opcao (Marcelo, Deco, Farofa, Guerrinha, Cadu, Carol Marmota), e todos os meus amigos (no Brasil, EUA e Grenada). Amo todos voces, e a saudade que ando sentindo nao e' brincadeira. Voces sao a minha forca.
Daqui a 18 dias estou em casa.
PS: No video, eu quis dizer que estou a 4500m de altitude... nao 7500.
No funny stories or life lessons this time. Ten days of climbing, where I hiked about 70 miles, and walked up enough stairs for a 1500 story building. But I must confess that as I arrived at Annapurna Base Camp, the only thing in my mind was the people that I love and those who always supported me. So, I take the opportunity to thank all of you, and dedicate this conquest to you: my family (Mom, Dad, Jose, Robert, Caca, and my uncles and cousins in Brasil and the US), my travel buddies (Gui, Lu, Robert, Buteco and Neek the Weak), my brothers by choice (Marcelo, Deco, Farofa, Guerrinha, Cadu, Carol Marmota), e all my other friends (in Brasil, USA and Grenada). I love you all, and miss you. You are my strength.
I'll be home in 18 days.
PS: In the video, I show Mt. Annapurna (8100m) and Mt. Machhapuchhre (7906m). Hope you enjoy it.
Chega ao fim a primeira fase da minha visita ao Nepal. Apos duas semanas trabalhando no pequeno posto de saude em Bharatpur, o fim do meu estagio traz um triste dia de despedida. A familia Adhikari, com quem vivi durante 2 semanas, realmente despediu de mim como se eu fosse um filho. Jamuna, minha mae "postica" disfarcadamente vinha perguntando como era a comida no Brasil. Percebendo a minha falta de apetite, me surpreendeu com um prato de arroz, feijao e ovo frito, com um tempero incrivelmente parecido com o da minha casa. Apos o ultimo almoco, ela marca minha testa com um po colorido chamado Tika, que de acordo com a fe hindu, traz boa sorte. Apesar da simplicidade do gesto e da comida, foi um dos presentes mais atenciosos que ja recebi.
De Bharatpur, faco uma "romaria" espiritual. Primeiro a Debghat, um santuario hindu nas montanhas onde yogis velhinhos vao se aposentar. Recebo as bencaos de um anciao, que ja sorri so de saber que eu sou do Brasil. De Debghat, parto sozinho para Lumbini, cidade onde Buda nasceu. Apesar de ter feito uma reserva em um hotel, acabo por aceitar o convite dos monges budistas que moram no local, e passo a noite em um pequeno colchonete, no monasterio adjacente as ruinas. Apos horas de meditacao com os simpaticos monges, sinto meu espirito fortalecido para a escalada ao Himalaya que comeca amanha.
The first phase of my visit to Nepal comes to an end. After two weeks working at the small health post in Bharatpur, the end of my internship brings a sad day of farewells. The Adhikari family, with whom I lived for two weeks, said goodbye as if I was truly their son. Jamuna, my host mother had been discretely asking me about how the food was in Brasil. Noticing my lack of apetite in the last few days, surprised me with a plate of rice, beans and a fried egg (a traditional brasilian meal), seasoned to perfection just like my real Mom would have made it. After the last lunch, she marks my forehead with a colored powder called Tika, which according to Hindu faith, brings good luck. Despite the simplicity in the gesture and the food, it was one of the most thoughtful gifts I have ever received.
From Bharatpur, I go for a spiritual journey. First to Debghat, a hindu sanctuary in the mountains, where old yogis go to retire. I receive the blessings of an elder, who smiles just for knowing that I was from Brasil. From Debghat, I go alone to Lumbini, the birth place of Buddha. Although I had made a reservation in a guesthouse, I end up accepting the invitation from the monks that live there, and spend the night on a small mat, in the monastery adjacent to the ruins. After hours of meditation with the friendly monks, I feel my spirit strengthened for the trek up the Himalaya, due to start tomorrow.
Apos longos 4 dias de viagem, cheguei na provincia de Chitwan, no Nepal. Durante duas semanas, vou permanecer aqui, hospedado na casa de uma familia nepali, e trabalhando como voluntario num pequeno posto de saude. Passada uma semana, ja me sinto bastante cansado. A casa onde moro nao tem banheiro, e meu quarto nem tem vidros nas janelas. A comida, vegetariana, e' bem ruim ate pra eu que como qualquer coisa. O calor e' infernal aqui, tornando as noites extremamente longas. Como a eletricidade so funciona durante 8 horas diarias, ventilador e' algo pouco util. O pequeno posto de saude e' cerca de 5kms de onde eu moro, e os 10kms diarios de caminhada debaixo do sol rachando sao bastante desgastantes.
Mas, como sempre digo, toda moeda tem dois lados. As longas caminhadas e a comida vegetariana estao me fazendo emagrecer numa velocidade incrivel. A familia com quem vivo, e' a personificacao da simpatia e educacao, e parece legitimamente se preocupar comigo e fazer tudo o possivel para me deixar mais confortavel. Jamais serei ingrato da sua comida e hospitalidade.Todo dia, um grupo de criancas me segue num trecho do caminho ao trabalho rindo e gritando :"Yeti! Yeti!" (Yeti e' o lendario monstro da neve do Himalaya... acho que ter quase dois metros de altura num pais de baixinhos causa isso)... eu bagunco meu cabelo e corro atras deles, fazendo barulhos ferozes... eles correm rindo freneticamente e acabam alegrando minhas manhas. O povo daqui e' super simpatico e percebo que sao realmente gratos por minha presenca aqui, apesar do trabalho em si ser um pouco inutil, na minha opiniao. Na volta pra casa, os 5kms sao adornados pela vista das montanhas do Himalaya, no horizonte... em dias de boa visibilidade, e' possivel ver o cume do Everest daqui. Cada vez mais aprendo sobre a simplicidade... boas licoes. No proximo final de semana, comecarei minha escalada no Himalaya. Vai ser uma experiencia inesquecivel, com certeza.
PS: Aproveito o post para desejar um Feliz Aniversario ao meu irmao, Dudu. Muita Saude e Felicidade sempre. Comemoraremos em breve.
Paciente no Posto de Saude / Patient at Health Post
After four long days of travelling, I arrive in the province of Chitwan, in Nepal. For two weeks, I will stay here, living with a nepali family and working as a volunteer in a small health post. After a week, I already feel very tired. The house where I live does not have a proper bathroom, and my room doesn't even have windows. The food, mostly vegetarian, is not good even considering that I usually eat anything. The heat is almost unbearable, making the nights specially long. Since there is only electricity for 8 hours a day, fans are of little use. The small health post is about 4 miles from where I live, and the daily 8 miles walk under the scorching sun is quite tiring.
But, as I always say, every coin has two sides. The long walks and vegetarian food are making me lose weight at incredible speed. The family which I live with is the personification of politeness and friendliness, and appears to legitimaly care about me and does everything they can to make me comfortable. I will never be ungrateful of their food and hospitality. Every day, a group of children follows me in a part of my way to work, laughing and screaming: "Yeti! Yeti!" (I guess this is the result of being 6' 4'' in a country of tiny people) I mess up my hair and chase them away, roaring wildly. They run into the bushes laughing frantically, and end up brightening my mornings.The people here are extremely nice and I can see that they are very grateful for my presence here, although my work is somewhat useless, in my opinion. On the walk home, the 4 miles are decorated by the view of the Himalayan mountains, on the horizon. Every day is a new lesson about simplicity. Next weekend I will start my trek/climb up the Himalaya. It will be an unforgetable experience, surely.
PS: I am going to take the opportunity to wish my brother Jose a very Happy Birthday. I hope he has a great day. I'll be home soon to celebrate!
Do fundo do poço ao topo do Mundo / From rock bottom to the top of the World
É essa a sensação que as últimas semanas me trouxeram. Desde meu último post, estudei muito e passei provavelmente os momentos mais tensos da minha vida. A tarefa era conseguir 92 em pelo menos uma das três provas finais. As notas foram saindo ao pouco, e pouco a pouco me deixando à beira de um ataque de nervos. Apesar de ser uma das pessoas mais tranquilas que conheço, nem toda minha calma conseguiu evitar horas e mais horas de insônia, no medo de ser expulso da Universidade e do sonho que estava vivendo.
A primeira nota, de Anatomia, era minha maior esperança. Foi uma prova difícil, mas para a qual me senti bem preparado. A nota: 90. Não tinha sido o suficiente para me salvar. Minha segunda maior esperança era a Fisiologia. A nota: 91. Na trave, mas ainda insuficiente. Foi aí que caí até o fundo do poço. Minha última chance era também a minha menor chance... a Bioquímica. Matéria que causou todo esse desespero, e que era, definitivamente minha matéria mais fraca. Realmente senti que não ia conseguir.
Mas do fundo do poço ao topo do mundo subi quando olhei minha nota na tela do computador: 92. A tão temida e odiada Bioquímica tinha sido a minha salvação. Missão cumprida.
Aproveitei o último fim de semana em Grenada para despedir das águas cristalinas com um mergulho no naufrágio do Veronica, um pequeno navio pesqueiro que afundou alguns anos atrás. E de lá, parti rumo ao Himalaya, onde passarei as próximas 7 semanas. Parece quase simbólico... do fundo do mar à mais alta cadeia de montanhas do mundo.
That is the feeling that the last few weeks have brought me. Since my last post, I have studied intensily, and went through probably the most tense moments in my life. The task was to get 92% in at least one of my finals, in order to get my GPA up to the 3.2 required. The scores were posted one by one, and little by little I got closer to a nervous breakdown. Even though I am one of the calmest person I know, not even all my calmness was enough to prevent endless hours of insomnia, in fear of being kicked out from this University and from the dream I was living.
The first test, Anatomy, was my biggest hope. Even though it was a hard exam, I felt very prepared for it. The score: 90. Not enough to save me. Then came Physiology, my second biggest hope. The score: 91. Close, but no cigar. And that is when I hit rock bottom. My last chance, was also my smallest hope... Biochemistry. The very subject that had caused all this tension to begin with, and definitely, by far my weakest subject. I really felt that I was not going to make it.
But from rock bottom I was taken to the top of the world when I saw my score on the screen of my computer: 92. The feared and dreaded Biochem had been my salvation. Mission accomplished.
I used my last weekend in Grenada to say goodbye to the crystaline waters of the Caribbean with a dive on the Veronica wreck, a fishing vessel that sank a while ago. And from there, my journey starts towards the Himalaya, where I will be for the next 7 weeks. It now seems almost symbolic... from the bottom of the sea to the highest mountain range on the planet.
Quase 4 meses de muito trabalho, a semana de provas finais finalmente chegou. Confesso que pela primeira vez em muito tempo, estou um pouco nervoso. Como muitos de vocês já sabem, esse meu primeiro semestre aqui na Universidade St. George é considerado um semestre "teste". Pela regra da universidade, tenho que manter uma média de 85% para evitar ser expulso daqui no primeiro semestre. Algo que não é uma meta das mais fáceis. Após um pequeno deslize em uma das provas, me vejo numa situação um pouco complicada: tenho que tirar ao menos 92% em pelo menos uma das 3 provas finais para ter a chance de alcançar a tal média.
Apesar da dificuldade da tarefa, me sinto confiante. Há quase 3 semanas mal saio do meu quarto, e acredito que nunca estudei tanto em minha vida. Estou estudando para conseguir acima de 92% não só em uma das matérias, mas em todas elas. Estou preparado. Enquanto a maioria dos americanos que estudam aqui consideravam essa universidade a sua última opção, para mim sempre foi a primeira, e sou grato por estar aqui. A primeira prova é na quarta-feira (dia 6) e a ultima na segunda (dia 11).
Enfim, é hora de pedir a força de todos vocês que me acompanham. Orações para quem é de orar ou rezar, meditação pra quem é de meditar. Pra quem não é de nem uma coisa nem outra, bons pensamentos e vibrações devem bastar. Força sempre.
Oitenta mil habitantes, 344 kms quadrados (16km x 30km). Esse é o tamanho de Grenada, em números. Traçando um paralelo, a população do país inteiro é menor que a da região da Savassi em BH, e distância entre os pontos mais distantes da nação é menor que a distância entre minha casa e o sítio. Mas só recentemente comecei a perceber realmente o quão pequeno esse país é.
Há algumas semanas atrás, devido à minha costumeira lerdeza, esqueci meu passaporte no bolso de uma calça e, no dia de lavanderia, lavei-o, sequei-o e passei-o. Após a solicitação da 2a via, liguei para o Departamento de Imigração, já que meu visto tinha sido destruído. A xerife: "Outro visto, mon? ahh...isso só com autorização do Primeiro Miniiiistro...". Eu, preocupado com o a quantidade de burocracia que poderia seguir: "Nossa! Mas como é que eu faço para conseguir autorização do Primeiro Ministro???" - A xerife: "No problem, mooon... Eu te dou o numero do celular dele.". Alguns dias depois, ainda impressionado com a facilidade do acesso ao 1o Ministro, fui buscar o visto no prédio do governo (o único prédio do governo na ilha). A recepcionista me direciona para uma mesa no canto de um escritório comum onde um homem estava sentado. Eu, para o homem: "boa tarde, eu vim buscar meu visto. Conversei com o Primeiro Ministro e ele me disse que estaria pronto hoje." O homem: "Ah! Você deve ser o Mark, do Brasil! Muito prazer, mon... sou o Primeiro Ministro Tillman Thomas. Espero que esteja gostando de Grenada." E, me pedindo para sentar, segue a conversa perguntando sobre como anda o futebol brasileiro.
Com minha documentação regularizada e aproveitando o feriado de Páscoa, eu e um grupo de colegas, todos estressados pelo volume de estudos, resolvemos tirar uma folga e visitar a ilha vizinha, Carriacou. Em um avião de 8 passageiros, pousamos na ilha de 4 mil habitantes, 2km de largura por 6km de cumprimento. É quase irônico tentar tirar férias de um lugar pra o qual pessoas pagam tanto dinheiro para passar férias, mas 3 dias de muita paz e tranquilidade seguiram. Enquanto jogava dominó com um grupo de rastas na praia, tomando rum e fumando charutos cubanos ao som de muito reaggae, pergunto para um dos rastas o que era a pequena ilha no horizonte da praia. "Ah... foi onde filmaram uma cena do filme Piratas do Caribe em que abandonam o pirata Jack Sparrow". Claro que eu tinha que dar um jeito de ver isso. Alugamos um pequeno barco e atravessamos até a Ilha Jack Sparrow. Nada mais que um pequeno (mas muito bonito) banco de areia com talvez 400 metros de comprimento, nos rendeu bons momentos de praia. E numa curta viagem de balsa, de Carriacou voltamos para a "cidade-grande".
De volta em Grenada aproveito o dia de folga para uma visita ao barbeiro rasta Akim, que ocasionalmente corta meu cabelo e apara minha barba numa simples barbearia no centro da cidade. Ainda um pouco surpreso conto a ele, empolgado, da viagem a Carriacou e de como conheci o Primeiro Ministro de Grenada. Ele me responde: "Ah... o Tillman?? Aquele bastardo perdeu uma aposta pra mim no ultimo jogo do Chelsea e até hoje não vi a cor do dinheiro!"
A population of eighty thousand people, 344 square kilometers (20 by 10 miles). That is the size of Grenada, in numbers. As a comparison, the population of the whole country is about the same as the population of my neighbourhood in Brasil, and the distance between the two farthest extremes of this island nation is smaller than the distance traveled to cross Belo Horizonte. But only recently have I started understanding how small this country really is.
A few weeks back, I did the stupid mistake of forgetting to check my pants pockets before washing them. So my passport was washed, dried and ironed. After asking for a new one at the Embassy, I called the Immigration department, since my Grenadian visa was destroyed. The sheriff: "New visa, mooon? Oh... you gonna need the Prime Minister's permission for dat...". Worried about how complex the process would be, I ask: "Wow... but how do I go about getting permission by the Prime Minister? Are there any forms I need to fill out?" - The sheriff: "Nooo probleeem, mooooon! I give you his cell number!". A few days later, still a bit dumbfounded by how easy it was to talk to the prime minister himself on the phone, I walk in the the government building in St. George (the only government building on the island). The recepcionist points me to a small desk at the corner of an office where a man was working. I approach him: "good afternoon, I came to pick up my visa. I called the Prime Minister and he told me it would be ready today." The man: "Ah! You must be Mark, from Brasil! Very happy to meet you, mon! I am Prime Minister Tillman Thomas. So, tell me, how do you like Grenada so far?" and, as gestures for me to have a seat, he carries the conversation on the asking about my opinions about the Brasilian Soccer Team.
So, with my documents in order, I decide to use our small Easter holiday to explore the neighbouring island of Carriacou and rest from the intense study load. In a small 8-passenger Cessna plane, myself and a few friends land on this island of 4 thousand inhabitants and 13 square mile area. It seems almost ironic to try to take a vacation from a place like Grenada, to where people spend thousands of dollars to spend their vacations. But 3 days of peace and tranquility followed. Playing dominoes with rastas on the beach, sipping on rum and smoking cuban cigars to the sound of reggae, I ask one of the rastamen what was the island on the horizon. "Dat is Jack Sparrow Islan, mon... Where they abandoned pirate Jack Sparrow on Pirates of the Caribbean III". Of course we had to find a way to see this. We rented a boat and sailed to the tiny sand bar. Not more than 400 yards long, it still gave us a few very enjoyable hours on the beach. And from Carriacou, a short ferry trip brings us back to the "big-city".
Back in Grenada, I take part of our last day off for a visit to the rasta barber Akim, who occasionally trims my hair and beard in downtown St. George's. Still a bit dumbfounded, I tell him about the trip to Carriacou and about how I met the Prime Minister of Grenada. He answers: "Oh... Tillman?? Dat bastard lost 50 dollars to me over the last Chelsea game and I still have not seen the color of dat moooney, mon...".
A vida parece algumas vezes nos ensinar lições de maneira ora abrupta, ora sutil. Esse mês de março foi um mês conturbado, com certeza. Foi um mês de extremos.
Março começou com os preparativos para as temidas "mid-terms" (provas bimestrais que valem cerca de 50% da nota do semestre). Essas provas são um bocado assustadoras, principalmente nesse primeiro semestre, em que pelas regras da Universidade, se não mantivermos uma média de 84, somos expulsos do curso, sem chance de apêlo. Passei a primeira semana do mês engolindo os livros, na esperança de evitar esse tão cruel destino. Após um grande susto na prova de bioquímica, acabo me saindo razoavelmente bem, e apesar de estar abaixo da média (estou com média 80, no momento), percebo que tenho o potencial de me recuperar e terminar bem o semestre. Acredito que foi um susto benéfico, no final.
Após essa semana de mid-terms, segue o outro extremo. O spring-break, semana de folga em que somos praticamente liberados de aulas e descansamos sem maiores pesos na consciência. Festas no Bananas, a famosa regata de Grenada, o Dia de São Patrício (feriado irlandês onde a regra é beber... muito...) são seguidos por um passeio de catamarã ao redor da ilha, rodeado de meus melhores amigos daqui. Claro que tanta comemoração não poderia vir de graça. O Sol, que geralmente é um bom amigo, castigou meus excessos com uma baita insolação. Sem família por perto, fico nas mãos de vizinhos e amigos. Boas mãos, por sinal.
A semana de festa se encerra no sábado com uma festa na praia, chamada SandBlast. Infelizmente um resto de febre não me deixou aproveitar toda a festa. Em casa, vendo fotos dessa semana, me lembro do meu primeiro semestre na universidade de Fisioterapia, e percebo que estou vivendo tudo aquilo de novo. A diferença é que como já sei como é sentir saudade dos tempos da Fisioterapia, já sinto saudades do meu tempo de Medicina, apesar de ter apenas começado.
Pessoas que um dia me deixarão com saudades/People who I will miss someday
Life seems to teach us lessons in manners sometimes abrupt, other times subtle. This month of March was eventfull, for sure. It was a month of extremes.
March started with preparations for the feared mid-terms (exams which are worth about 50% of our final grade). Quite scary exams, but specially this semester of Foundations, where, by University rules, if we do not maintain a 3.2 GPA, we are automatically kicked off the school, without chance of appeal. I spent the first week of the month swallowing notes and books, in hope to avoid such a cruel outcome. After a big scare on the biochemistry exam, I end up doing fairly well. Although biochem kept me below average (I have a 3.0 so far), I realize that I do have what it takes to pick myself up and finish this semester. It has scared me straight and opened my eyes to the challenge ahead.
After this week of exams, the other extreme. Most people take a "spring break" of sorts to relax and rest up for the second half of the semester, without much of a guilty conscience. Parties at Bananas, the Grenada Regata and pub-crawls on St. Patrick's Day were followed by a full-day catamaran trip with some of my best friends on the island. But of course such intense celebrations would not come cheap. The Sun, usually a friend, punished my excessive partying with an intense case of heat stroke. Without my family around, I rely on friends and neighbours to care for me. Good hands, no doubt.
This week of celebrations end with a school sanctioned party at the beach on Saturday: SandBlast. Unfortunately, a lingering fever did not allow me to enjoy the whole party. In my room, looking at pictures from this fun week, I am reminded of my first semester in my undergraduate Physical Therapy class, and realize how I am living that again. The difference is that because I already know how much I miss those times at Physical Therapy school, I already start missing my time in Med school, even though it has just begun.
Na virada da esquina dos meus 26 anos de idade, me vejo passando meu primeiro aniversário longe da minha família e amigos do Brasil. Certo de que em meio ao Carnaval brasileiro, poucas pessoas estariam disponíveis para chats online, resolvi aceitar o convite de meus colegas Neek (um louco peça rara) e Anthony (uma das pessoas mais quietas que já conheci) para explorar uma das trilhas no meio da ilha. Saímos de manhã em direção às Seven Sisters (grupo de sete cachoeiras chamadas de Sete Irmãs).
No caminho, percebo as nuvens de chuva e com um comentário, Neek nos amaldiçoa: "O dia em que o Homem parar para a chuva, será o dia que a chuva parar para o Homem". Segundos depois uma das maiores tempestades que já vi nessa ilha começa a cair. Saltamos do ônibus na estrada que atravessa a floresta que existe no meio da ilha. Ao andar ao início da trilha, percebemos alguns grenadenses olhando para nós, incrédulos do que viam: três estrangeiros ensopados, sem camisa, prestes a encarar as 7 cachoeiras em meio a um tsunami de chuva, claramente sem noção dos perigos da trilha.
Frente às faces de desespero dessas pessoas que claramente conheciam a região, decidimos recrutar um guia rastafari que nos ofereceu seus serviços. Guia: "Ya mon... vamos subir até o alto da sétima irmã pela trilha, depois descer igual a água do rio.". Em um ponto da trilha, nosso guia nos instrui a tirar os sapatos e terminar a trilha só com as roupas de banho. Seguimos uma escalada de 85 graus na face lameada do morro. Ao chegar na Irmã mais alta, encaramos nosso primeiro salto. Guia: "Ya mon... vocês têm que pular ali" e atira uma pedra para mostrar o lugar "não ali, nem ali" e atira outras duas pedras, meros 30cm pra cada lado de onde atirou a primeira pedra. "Ah, e vocês têm que pular de bunda, senão vai ser fooooda, bicho.".
Medrosos, saltamos da primeira e segunda "irmãs" sem grandes dificuldades. Ao chegarmos à terceira irmã, o guia diz: "Agora essa irmã, bicho, essa é brava! Ela não deixa a gente saltar dela. Então temos que descer a cachoeira andando devagar dentro d'água, mon.". Neek, desacreditando: "Peraí, você quer dizer que a gente tem que descer a pé uma cachoeira, depois de uma manhã de tempestade?". Guia: "Ya, mon". Já tinha certeza absoluta da nossa morte. Após eu e Anthony descermos sem grandes problemas, Neek (baixo e magrelinho) se sentiu mais confiante. No primeiro passo, escorregou e se agarrou de frente ao nosso guia (mais ou menos como um bebê canguru se agarra a mãe), que desceu carregando-o. Ao chegar lá embaixo, se soltou como se nada tivesse acontecido: "então, essa foi a terceira irmã, né?". Guia (olhando pra ele como se ele fosse uma mulherzinha): "Ya mon, a terceira".
A quarta e quinta irmã, seguem sem grandes problemas (exceto um salto de barriga do Neek na quinta). Chegamos então à sexta irmã, o guia: "estão prontos para A Cachorra?". A Cachorra era simplesmente uma cachoeira de 15 metros de altura. O guia, logo começou a dar instruções para o último salto. Eu, me borrando de medo: "Cara, acho que nessa eu vou descer a pé mesmo.". O guia: "hahaha... impossível, bicho. Só dá pra descer daqui saltando". Neek, querendo mostrar coragem após a ridícula descida na terceira irmã, fez pose para saltar primeiro. Com o grito mais feminino que já ouvi, saltou. Ao ver que chegou lá embaixo são e salvo, Anthony ganhou a coragem que precisava. Sobrou eu, sozinho lá em cima, com flashback de tantos pacientes de fisioterapia que se machucaram em saltos de cachoeira. Nesse momento, como que por milagre, a chuva cessou e o sol apareceu. Num momento de loucura e coragem, tirei a bermuda, revelando a sunga roxa que usava por baixo (americanos consideram sungas a coisa mais ridicula que um homem pode usar). Com um grito de "BRASIIIIIIIILL!" me lanço do alto da cachoeira no salto mais ridiculo da história da humanidade. Ao emergir da água, duvidando da minha capacidade de ter filhos no futuro, escuto as gargalhadas e aplausos dos meus companheiros. A aventura termina com um mortal duplo de nosso guia, saltando do alto da cachoeira.
E a noite, no famoso Bananas (único bar/boate da ilha), me vejo cercado de novos amigos que vieram celebrar meu aniversário comigo. Durmo feliz, mas sem esquecer de todos aqueles que amo, e que deixei pra trás no Brasil. Feliz Aniversário pra mim.
In the turn of my 26 years of my life, I see myself spending my first birthday away from my family and friends in Brasil. Certain that in the middle of Carnaval in Brasil, few people would be online for chatting, I decided to accept the invitation from my friends Neek and Anthony to explore the trails in the central part of the island. We set out in the morning towards Seven Sisters.
On the way there, I notice the rain clouds and in a single comment, Neek jinxes us: "The day that Man stops for rain, is the day the rain stops for Man". Seconds later, one of the strongest storms I've seen on this island starts. As we are dropped off in the beginning of the trail, we notice some Grenandians looking at us in desbelief of what was before them: three drenched foreigners, shirtless, about to face the 7 falls amidst a tsunami of rain, clearly unaware of the dangers ahead.
Seeing the looks of despair of these Grenadians who actually know this area, we decided to hire a rastafari guide that offered us his services. Guide: "Ya mon, we gon ike ta da top of da seventh sistah and go down dem one by one back to da bottom". In a point of the trail, he instructed us to take of our shoes and finish the trail barefoot and with nothing but our bathing suits. We followed a 85 degree climb on the muddy face of a cliff. As we reached the top Sister, we faced our first jump. "Okay mon, you av ta jump der!" (throws in a rock to show us) "not der, or der" (throws in two more rocks literally a foot away on either side from the initial throw). "and ya hav ta land on ya ass, otherwise mon, it'll be baaaaaaad".
Scared, we jumped off the first and second sisters without great problems. As we arrive on the 3rd sister, our guide says: "Now dis sistah mon is an angry one! she does not let people jump off her, we must slowly walk down the waterfall". The three medical student nerds all looks at the guide as if they misunderstood the command. me: "I'm sorry, you want us to walk down a raging waterfall after a morning of rain has made it ridiculously powerful?" guide: "ya mon". We were definitely going to die. After Anthony and I went down without big problems, Neek (by far the smallest of us three) felt a little more confident. As he puts his first foot into the raging rapids and is immediately launched directly into our guide, unable to fight the force of the river. Not unlike a momma and baby koala, he then starfish wraps around the front of our guide who slowly walks down the face of a ravaging waterfall. At the bottom, he unclench as if everything is normal, Neek: "so that was the third sister you said?" Guide, looking at him like his a bitch: "ya mon, dat was da third one".
The fourth and fifth Sisters go relatively smoothly (except for Neek's face jump on number five). We arrive at the Sixth, our guide: "Alrite mon, ya ready for Da Bitch?" "Da bitch", it becomes clear, is a direct 45 foot drop down a violent waterfall. As he starts instructions for the last jump, I say, completely overwhelmed with fear: "Man... I think I'll just walk down this one.". The guide: "hahahaha no mon, ya av ta jump.". Neek, trying to compensate for his ridiculous performance at Sister number 3, posed to jump first. With the most feminine scream I ever heard, he jumped. Seeing him getting safe to the bottom, Anthony's confidence was boosted and he jumped second. I was the last one on the cliff, having flashback of all my patients that got injured in waterfall jumps. At this moment, as a miracle, the rain stopped and the sun reappered. In a moment of insanity and courage, I removed my shorts to reveal the purple speedos that I was wearing beneath it. Screaming "BRASIIIIIIIIL!!!!" I throw myself from the cliff in the most ridiculous jump in the history of mankind. As I surfaced, still unsure if I would ever be able to have kids, I hear the laughs and applause of my comrades. Our adventure ends with a backflip from the top of the cliff, by our guide.
And at night, in famous Bananas Club, I see myself surrounded by new friends that came out to celebrate my birthday with me. I go to bed happy, but never forgetful of all the people that I love and left behind in Brasil. Happy Birthday to me.
Minha vida nova começou em grande estilo. Grenada, meu novo lar pelos próximos anos, é um lugar de beleza invejável. O quarto onde moro, na Universidade, é modesto. Duas camas, dois armários, duas mesas de estudo. Perto da porta, um banheiro e uma pequena cozinha, com geladeira, microondas e um fogão de duas bocas. Depois de uns dias correndo atrás, finalmente consegui instalar a internet no meu quarto. Aos poucos, vou me acostumando com a vida aqui. Paro todos os dias para assistir o pôr-do-sol num banco ao lado da biblioteca.
Meu maior medo ao sair do Brasil veio da dificuldade de adaptação aos hábitos e pessoas americanas que tive no passado. Mas a Universidade de St. George's surpreende na diversidade que passa por aqui: persas, canadenses, caribenhos, africanos, europeus. Sou oficialmente o primeiro estudante de medicina brasileiro na história da ilha. Esses primeiros dias têm sido de muita cosmopolização (não sei se isso é uma palavra hahahaa).
Enfim: são tempos de muita alegria para mim. A conquista pela qual lutei por tanto tempo veio, e até agora, tem conseguido enganar um pouco as saudades que já sinto de todos que deixei pra trás. Por enquanto, a mensagem "Que o Senhor te abençõe e te guarde" escrita no meu escapulário tem sido suficiente para me manter são, salvo e feliz. Sou grato pelo presente que a vida me deu.
My new life has started in great style. Grenada, my new home for the next few years, is a place of great beauty. The dorm room where I live is modest. A couple of beds, two sets of closets and desks. Near the door, a bathroom, and a small kitchen with a fridge, stove-top and a microwave oven. After a few days running around, I was able to get internet in my room. Little by little I start getting used to the day-to-day life here. I stop everyday to watch the sunset from a bench beside the library.
My biggest fear in leaving Brasil came from the difficulty in dealing with American customs and people that I had in a past experience. But St. George's University is surprising for the cultural diversity that comes through this tiny island: persians, canadians, caribbeans, africans, europeans. I am officially the first brazilian med student in the island's history. These first days have been very cosmopolitan.
Anyway: these are times of great joy for me. The dream that I pursued for so long has come true, and so far, it has been able to alleviate the emptiness already caused by the absence of people I had to leave behind. For now, the message "May the Lord bless you and keep you" written in the back of the small pendant I wear has been enough to keep me safe, sound and happy. I am grateful for the present that Life has given me.